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terça-feira, 19 de junho de 2012


Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia: identificando a doença.



Sabemos de acordo com a literatura atual, a hipertensão na gravidez é a principal causa de morte materna no Brasil e em outros países da América Latina. Por este motivo o objetivo desta postagem é desmistificar a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia e quais são os fatores de risco para as mesmas. 
  • Hipertensão gestacional:

 É caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea.
 A hipertensão é definida por pressão mínima maior ou igual a 90 mmHg e a pressão máxima maior ou igual a 140 mmHg.

  É fundamental ressaltar a importância de diferenciar a hipertensão que antecede a gravidez (hipertensão crônica) aquela que a mulher já possui da decorrente da gestação a qual estamos nos referindo neste trabalho. A hipertensão gestacional, como o próprio nome diz refere-se à hipertensão apresentada no período da gestação.

  • Pré-eclâmpsia:

  Também conhecida como hipertensão arterial específica da gravidez que geralmente ocorre a partir da 20ª semama de gestação com ênfase no 3° trimestre.
  É considerada uma síndrome multissistêmica que segundo alguns estudos é dividida em:

- Forma leve: quando a pressão arterial é igual ou maior que 14 por 9, com presença da proteinúria menor que 2g por dia.
* Proteinúria: presença de proteína na urina que não ocorre em condição normal de saúde.

- Forma grave: pressão arterial igual ou superior a 16 por 11, com a proteinúria a cima de 2g por dia. Todavia a pré-eclâmpsia grave apresenta outros agravos como: distúrbios visuais e/ou cerebrais, edema generalizado e/ou pulmonar, disfunção hepática e dor epigástrica.

* Edema: o inchaço generalizado é normal da gravidez, mas no caso desta doença especialmente apresenta-se nas pernas, mãos e rosto e podem evidenciar um aumento repentino de peso de até 500g por semana.
* Disfunção hepática: funcionamento inadequado dos rins, pois a filtração do sangue é prejudicada juntamente com a formação da urina.
*   Dor epigástrica: dor na parte superior do abdome.

Formas de identificar:

- Síndrome materna: hipertensão, proteinúria, edema e outros agravos.
- Síndrome fetal: crescimento intra uterino retardado, hipóxia fetal e oligoidramnia.

* Hipóxia fetal: ocorre quando a placenta não fornece quantidade adequada de oxigênio para o feto.
* Oligoidraminia: diminuição do volume do líquido amniótico para a idade gestacional.


Características da pré-eclâmpsia:

  Ainda existem divergências quanto aos fatores que desencadeiam a doença. Uma das hipóteses mais aceitas é a de má placentação que ocorre com um “defeito” no momento da implantação do embrião no endométrio.
De modo geral, o que propicia o desenvolvimento da doença é a falta de vascularização da placenta, devido a um problema no desenvolvimento dos vasos da mesma. A circulação inadequada de sangue faz com que a placenta produza substâncias que vão para a corrente sanguínea, o que descontrola a pressão arterial (hipertensão).
De que maneira isso ocorre?  Além de alterar a filtração glomerular que causa a perda de proteínas pela urina (proteinúria), a baixa concentração de proteínas no sangue influencia uma parte do líquido circulante que extravasa para os tecidos (edemas), o que diminui a concentração de sódio na urina e aumenta no sangue fazendo com que a pressão arterial aumente.

  • Eclâmpsia:

  Possui um quadro de convulsão, espasmos musculares e perda de consciência. É considerada para alguns estudiosos, como complicação característica da pré-eclâmpsia.  Entretanto de acordo com estudos recentes de 10 a 22% das convulsões ocorrem sem a presença da pré-eclâmpsia.
     É responsável de 60 a 100% das mortes maternas relacionadas à hipertensão.

Características da eclâmpsia:

  A causa exata das convulsões ainda não é muito bem conhecida. Entretanto existem algumas teorias como um vasoespamo cerebral, a encefalopatia hipertensiva com hiperperfusão e uma lesão endotelial. Lembrando que em uma gestante hipertensa, a ocorrência de crise convulsiva deve sempre ter como diagnóstico inicial a eclâmpsia.
  •  Fatores de risco:

- gravidez na adolescência
- gravidez múltipla
- mulheres hipertensas
- diabetes mellitus
- obesidade
- doença renal crônica
  • Tratamento:

    A indicação de interromper a gravidez depende muito do profissional, da idade gestacional, e das condições mãe-bebê. Todavia muitas vezes o único “tratamento” é a interrupção da gestação.
  Em alguns casos utiliza-se de medicamentos ou é aconselhado o repouso da mãe na tentativa de prolongar mais a gravidez para o nascimento ser mais favorável para o desenvolvimento do bebê.
  A eclâmpsia pode ser evitada com uma assistência adequada, pois é uma doença predominante de países em desenvolvimento e que em alguns casos tem a característica de evolução de um quadro de pré-eclâmpsia. Fato este que merece associação entre a qualidade materna e o acesso a saúde de qualidade.

  • Considerações importantes:     

                                                                              
- A pré-eclâmpsia é responsável por grande parte das recomendações de interrupção prematura da gestação. 

- As gestantes precisam de um acompanhamento adequado o que já é uma prática padrão no pré-natal, com consultas regulares aos profissionais de saúde e procurando sempre controlar a pressão arterial e a análise da proteinúria.

    - Todos os sintomas citados são analisados para fim de diagnosticar a doença o que deve ser feito por uma equipe capacitada, podendo contar com o auxílio de exames laboratoriais.

    - Devemos atentar ao fato de que por mais que a hipertensão arterial na gravidez apresente sintomas, a doença pode ser assintomática, o que justifica a necessidade de um acompanhamento adequado da gestante hipertensa, ou mesmo daquela que não apresenta indícios da doença, mas que precisa ficar atenta ao controle da pressão arterial.

     - A mortalidade materna é um importante indicador de realidade social de um país ou de uma população.

 Bibliografia:

- Medmap.uff.br
José Carlos Peraçoli, Mary Angela Parpinelli - Síndromes hipertensivas da gestação: identificação de casos graves 
- Brena Cravalho Pinto de Melo et al. - Perfil epidemiológico e evolução clínica pós-parto na pré-eclâmpsia grave.





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