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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Parteiras Tradicionais


Programa do governo busca resgatar e valorizar o trabalho das parteiras e articular a atividade com o Sistema Único de Saúde:
  As parteiras são figuras muito importantes dentro da cultura popular brasileira. Ainda hoje essas mulheres têm papel essencial em muitas comunidades, principalmente em locais de difícil acesso e onde há carência de profissionais de saúde. O Ministério da Saúde reconhece o trabalho delas e criou o programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em março de 2000, para melhorar a assistência ao parto domiciliar.




  O Trabalhando com Parteiras Tradicionais busca sensibilizar secretarias estaduais e municipais de Saúde e profissionais da área para desenvolverem ações de resgate, apoio e qualificação dessas mulheres. O programa faz parte das estratégias do Ministério da Saúde para reduzir o adoecimento e a morte dos recém-nascidos e das mães durante a gestação, parto e no período logo depois do parto. O Programa estimula a troca entre os saberes tradicionais e o técnico-científico. Também contribui para a produção de novos conhecimentos e tecnologias no setor da saúde. 



  O Ministério da Saúde entende que, em um país como o Brasil, com enorme diversidade cultural, geográfica e sócio-econômica, é necessária a adoção de diferentes formas de atenção à gestação, ao parto e ao recém-nascido. Nesse contexto, chama a atenção o grande número de nascimentos fora dos serviços de saúde. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrava que cerca de 20% dos partos em áreas rurais e de difícil acesso aconteciam em casa e tinham a assistência de parteiras. Nas regiões ribeirinhas, áreas rurais, indígenas e quilombolas, o trabalho das parteiras muitas vezes é a única alternativa para as mulheres e os seus bebês. Deve-se mencionar que a maior parte das pessoas que se dedicam a essa atividade trabalha voluntariamente, movida por um sentimento de solidariedade.



  Na esfera pública, é responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) promover a melhoria da assistência ao parto domiciliar. As secretarias estaduais e municipais de saúde devem realizar a articulação do trabalho das parteiras com os serviços de saúde locais, principalmente com as equipes de Saúde da Família. Entre as ações que devem ser realizadas estão: fazer o levantamento da situação do parto domiciliar em sua região, realizar o cadastramento e a capacitação dessas mulheres, além de adquirir e distribuir o kit da parteira (com materiais básicos para a realização do parto domiciliar).




  Desde o início do programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em 2000, até 2005, já foram alcançados resultados como a capacitação de aproximadamente 1.170 mulheres e 570 profissionais de saúde. Também houve aumento no reconhecimento de situações de risco pelas parteiras, com encaminhamentos oportunos para os serviços do SUS. Treze estados participam do programa: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Alagoas, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. 


  Uma das estratégias desenvolvidas pelo Programa é a troca de saberes entre os profissionais de saúde e as parteiras para garantir condições seguras para o parto domiciliar. Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres que auxiliam o parto enfrentam muita discriminação, preconceitos e proibições por parte dos profissionais de saúde. Entretanto, em geral, seu trabalho é reconhecido e respeitado em sua comunidade. Gestores e profissionais precisam abandonar o preconceito. Muitos dos princípios atualmente preconizados para a humanização do parto e nascimento já se encontram presentes na prática da parteira tradicional, afirma Isa Paula Abreu, técnica do programa Saúde da Mulher do Ministério da Saúde


  Troca de saber - O Ministério da Saúde reforça que, embora muitas das parteiras apresentem baixo ou nenhum nível de escolaridade, elas revelam outras aptidões adquiridas com a prática, com a observação e com os ensinamentos transmitidos ao longo de gerações. Essas mulheres costumam se reunir e trocar experiências. As mais velhas procuram passar o que consideram importante às novatas. 



  Moradora de Jaboatão dos Guararapes (PE), Maria do Carmo dos Santos, conhecida como Dona Chica, de 53 anos, trabalha há 28 como parteira. Com apenas um toque eu consigo saber se o bebê está em uma posição difícil para sair ou se o parto acontecerá tranqüilamente, revela. Sua filha, Regiane Maria da Silva, de 37 anos, também resolveu seguir o caminho da mãe. Eu sempre quis aprender como fazer o parto. Desde cedo eu via minha mãe trabalhando e ficava curiosa. Sentia muita vontade de ajudar as mulheres da minha região, lembra Regiane.



  Nas capacitações promovidas pelo Ministério da Saúde, as parteiras relatam como desenvolvem seu trabalho, falam sobre as dificuldades que enfrentam e trocam conhecimentos com os profissionais de saúde. Nessas ocasiões, são orientadas, por exemplo, a reconhecer as situações de risco na gestação e no parto, para realizarem encaminhamentos aos serviços de saúde. Além disso, recebem informações sobre como esterilizar a tesoura utilizada para cortar o cordão umbilical e sobre a importância de lavar as mãos e usar luvas. Quando vejo que o bebê não quer sair, sei que não tenho mais como ajudar. Nessa hora, o melhor é procurar um atendimento médico, conta Dona Chica, que também estimula as gestantes de sua comunidade a buscar o pré-natal. 

Para Isa Paula Abreu, do Ministério da Saúde, as autoridades podem contribuir para proporcionar melhores condições para que as parteiras exerçam sua atividade. 

  O trabalho dessas mulheres não é fácil. Para atender à comunidade, elas viajam longas distâncias, em qualquer hora do dia ou da noite, a pé ou de barco. Também têm de atuar em condições de higiene precárias e em certos lugares onde nem mesmo há água ou energia elétrica. Com essa iniciativa, busca-se promover a valorização das parteiras e mostrar suas capacidades e habilidades com a arte de partejar.

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