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quarta-feira, 9 de maio de 2012

HEPATITES VIRAIS ( DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E MAIS.....)


               O termo hepatite significa inflamação (-ite) do fígado (hepato) a qual pode ter várias causas virais, ou seja, por vírus ( A, B,C, D,E) ou não virais (causadas por medicamentos, doenças autoimunes, metabólicas e genéticas, álcool, substâncias tóxicas).[1] Portanto o termo hepatite é um termo amplo que se refere a doenças com características bem diversas. Nesta postagem pretendo trazer uma introdução com relação apenas às hepatites virais a fim de gerar uma conscientização para a sua existência e para a sua prevenção com comportamentos e vacinação, são apenas estas que são transmitidas de uma pessoa para outra. Não pretendo abordar o tema por completo, pois é muito extenso e envolve muitos fatores já que cada letra de hepatite ( A, B,C, D,E)  se refere a uma doença diferente.

               Meu interesse pelo tema surgiu quando fui tomar vacina para febre amarela e a minha mãe e a enfermeira do posto me estimularam a tomar também a vacina para Hepatite B novamente, considerando que agora ela é gratuita até os 29 anos e que eu já tinha tomado nos primeiros dias de vida, a enfermeira sugeriu que eu tomasse a vacina novamente como reforço. Depois comentando com as minhas amigas e familiares fiquei sabendo que todos, assim como eu, desconheciam a necessidade de tomar a segunda “rodada” desta vacina, por isso resolvi pesquisar mais sobre o tema e compartilhar com vocês. Não só a vacinação é importante como também os exames de sangue e o conhecimento dos sintomas e meios de transmissão.


observações


clique neste link se quiser mais sobre a vacinação dos bebês: http://guiadobebe.uol.com.br/vacina-hepatite-b/

este outro link mostra uma matéria de 2012 sobre a mudança da idade máxima para tomar a vacina, ou seja, fato muito recente : http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/01/vacina-contra-hepatite-b-passa-ser-distribuida-ate-os-29-anos.html



               O grande problema das hepatites é que sua transmissão ocorre em grande escala principalmente pelo fato de não apresentar sintomas em sua fase aguda, então a pessoa transmite a outras sem saber que está contaminada pelo vírus. E ainda, quando os sintomas aparecem eles são muito parecidos com o de uma gripe (fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e icterícia) e normalmente só aparecem quando a doença está em estado grave. Os sintomas clássicos da ictericia ocorrem em apenas 30% ( olhos amarelos por exemplo). 

               Para os profissionais de saúde é ainda mais importante pois: “As hepatites virais estão incluídas na lista de doenças de notificação compulsória e, portanto, os profissionais de saúde têm papel relevante na notificação e no acompanhamento das pessoas portadoras, sintomáticas ou não. Para que possam exercer tal papel, é necessário que esses profissionais estejam aptos a identificar casos suspeitos, solicitar exames laboratoriais adequados e realizar o encaminhamento dos casos indicados a serviços de referência” (A, B, C, D, E do diagnóstico para as hepatites virais, 2009).
              
  
Muita confusão se dá quando falamos das diversas letras das hepatites, e isso é importante, pois determina qual o tipo de transmissão, os sintomas, e a características das doenças. Este quadro inicia a explicação de uma forma mais clara: ( ACESSE IMAGEM NESTE link.: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/10006000639.pdf

HEPATITE A

“É uma doença viral aguda de transmissão fecal-oral, ou seja, pode ser transmitida por contato entre indivíduos, pela água ou por alimentos contaminados, por mãos mal lavadas ou sujas de fezes e por objetos que estejam contaminados pelo vírus. Geralmente, a infecção é benigna em crianças e mais grave em adultos, mas podem ocorrer formas fulminantes da doença, levando o indivíduo a óbito” (A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009). Ela está relacionada com hábitos de higiene, saneamento básico, sendo estas as principais formas de prevenção. [2]
A cura, portanto ocorre na maioria das vezes por completo, sendo necessário um tratamento específico, envolvendo inclusive repouso e dietas adequadas, com restrição de bebidas alcoólicas, que será prescrito pelo médico. Caso tenha sido infectado uma vez, seu organismo estará imune para se contaminar mais vezes apenas para este tipo de hepatite, porém poderá ser contaminado novamente pelos outros tipos ( B, C, D, E).
Interessante : Veja com MAIS detalhes como se previnir : http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-a , salientando que a vacina para este tipo só é disponível em alguns casos, também disponíveis neste link.

HEPATITE B

Segundo o A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde (2009):
É uma doença sexualmente transmissível, mas também pode ocorrer por meio do compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, colocação de piercing, procedimentos de tatuagem e manicure/pedicure com materiais não esterilizados, compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados com sangue (escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar), acupuntura, procedimentos médico-odontológicos, transfusão de sangue, hemoderivados e hemodiálise sem as adequadas normas de biossegurança. A transmissão vertical - de mãe para filho − do vírus da hepatite B pode ocorrer durante o parto, pela exposição do recém-nascido ao sangue.
Outros líquidos orgânicos, como sêmen e secreção vaginal, podem constituir-se fonte de  infecção. Ressalta-se que não há evidências de que o aleitamento materno aumente o risco de transmissão da hepatite B da mãe para o bebê. Por isso, a amamentação não está contraindicada em mães portadoras da doença, desde que seu filho receba a vacina e a imunoglobulina, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida.” Sendo assim o aleitamento materno é indicado apenas após a criança receber estes dois itens – vacinação e imunoglobulina.

·        Existe duas formas de manifestação – aguda e crônica – e para cada forma o médico prescreverá um tratamento diferente.


·        O importante, a saber, desta doença é que ela é mais grave que as outras, e se enquadra no conjunto de doenças sexualmente transmissíveis, porém, o bom é que existe vacina, tomada inicialmente na infância, e posteriormente na idade adulta até os 29 anos ou para profissionais do “grupo de maior vulnerabilidade (independentemente da idade) - gestantes, trabalhadores da saúde, bombeiros, policiais, manicures, populações indígenas, doadores de sangue, gays, lésbicas, travestis e transexuais, profissionais do sexo, usuários de drogas, portadores de DST.” (ver mais sobre a lista deste grupo http://www.aids.gov.br/sites/default/files/page/2010/grupos_de_maior_vulnerabilidade_22484.pdf)

O ministério da saúde vem realizado diversas campanhas que utilizei como referência, assim como diversos folhetos e cartazes que nos chamam a atenção:

CLIQUE NESTE LINK para ver o primeiro folder : http://bvsms.saude.gov.br/bvs/Cartazes/grandes/Cartaz_Hepatite.pdf

·        Observação: No caso do link acima, o foco é na hepatite B, que é considerada com uma das mais graves e que tem vacinação disponível até os 29 anos pelo SUS. Este link resume as situações em que as vacinas são oferecidas pelo SUS: http://www.aids.gov.br/pagina/vacina-hepatites


“ A Organização Mundial da Saúde estima que existam cerca de 325 milhões de portadores crônicos da hepatite B e 170 milhões da hepatite C no mundo, com cerca de dois a três milhões respectivamente em nosso País. A maioria das  pessoas desconhece sua condição sorológica, agravando ainda mais a cadeia de transmissão da infecção. Ampliar a testagem sorológica para as hepatites virais é estratégia fundamental para equacionar esta situação, além de propiciar a detecção precoce de portadores, permitindo o acesso às medidas para a manutenção da saúde dos possíveis casos” (Manual de aconselhamento em hepatites virais, 2005).  

Mesmo que estes dados sejam de 2005 é importante saber que não apenas a vacinação é uma medida fundamental, mas também importante é a realização de exames de sangue periódicos, de preferência todo ano. Já que esta doença é silenciosa e que também tem um período de incubação, isso significa que você pode estar infectado, mas ainda não ter manifestado a doença, e esta não aparecerá no exame de sangue ( Janela Imunológica) , por isso é importante que este seja sempre refeito.


HEPATITE C

“ A transmissão da hepatite C ocorre principalmente pelo sangue. Indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, quando ainda não era realizada a triagem sorológica, podem ter a doença. Nesse caso, recomenda-se que os indivíduos procurem as Unidades Básicas de Saúde para maiores esclarecimentos.As outras formas de transmissão são semelhantes às da hepatite B; porém, a via sexual e a vertical são menos frequentes” (A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009).
É uma “ doença infecciosa viral, contagiosa, causada pelo vírus da hepatite C (HCV), conhecido anteriormente por hepatite Não A Não B, quando era responsável por 90% dos casos de hepatite transmitida por transfusão de sangue sem agente etiológico reconhecido. O agente etiológico é um vírus RNA, da família flaviviridae, podendo apresentar-se como uma infecção assintomática ou sintomática. Em média 80% das pessoas que se infectam não conseguem eliminar o vírus, evoluindo para formas crônicas. Os restantes 20% conseguem eliminá-lo dentro de um período de seis meses do início da infecção” (Manual de aconselhamento em hepatites virais, 2005).

Como não existe vacinação para este tipo é muito importante sabermos as formas de transmissão e prevenção que estão resumidamente  explicadas neste link : http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-c.

HEPATITE D

“Só terão hepatite D aquelas pessoas que já estão infectadas pelo vírus da hepatite B.  Sua transmissão é igual à das hepatites B e C.  No Brasil, essa doença é mais comum na Região Amazônica “(A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009). Sendo assim as precauções para evitá-la são as mesmas que a da hepatite B.

HEPATITE E
“ Sua transmissão assemelha-se à da hepatite A. É fecal-oral, ocorrendo principalmente pela água e alimentos contaminados, por dejetos humanos e de animais. A sua disseminação está relacionada à infraestrutura de saneamento básico e a aspectos ligados às condições de higiene praticadas. No Brasil, é uma doença rara, sendo comumente encontrada em países da Ásia e África “ (A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009).

ATENÇÃO/ RESUMOS E MAIS..:


Para evitar as hepatites A e E :

·        “Lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos;

·        Lavar bem, com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus;

·        Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos e frutos do mar;

·        Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;

·        Orientar creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene, tal como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;

·         Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios, para não comprometer o lençol d’água que alimenta o poço. Deve-se respeitar, por medidas de segurança, a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca e de 45 metros, para os demais focos de contaminação, como chiqueiros, estábulos, valões de esgoto, galerias de infiltração e outros;

·        Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto;

·        Caso haja algum doente com hepatite A em casa, utilizar hipoclorito de sódio ou água sanitária ao lavar o banheiro” (A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009).

·        Obs.: veja neste link se quiser saber mais como tratar sua água : pg.18 http://www.aids.gov.br/sites/default/files/publicacao/2010/hepatites_cartilha_acs_pdf_11074.pdf


Para evitar as hepatites B,C e D:

·        “Vacinar-se contra a hepatite B (3 doses);





·        Usar sempre camisinha nas relações  sexuais;

·        Exigir material esterilizado ou descartável nos consultórios médicos, dontológicos, acupuntura;

·        Exigir material esterilizado ou descartável nas barbearias e nos salões de manicure/ pedicure. O ideal é que cada pessoa tenha o seu kit de manicure/pedicure, composto de: tesourinha, alicate, cortador de unha, lixa de unha, lixa de pé, empurrador/espátula, escovinha e toalha;



·        Exigir material esterilizado ou descartável nos locais de realização de tatuagens e colocação de piercings;

·        Não compartilhar escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar;

·         Não compartilhar equipamentos para uso de drogas (agulhas, seringas, cachimbos ou canudos);

·        Não compartilhar agulhas ou seringas, em outras situações;

·         Buscar atendimento médico se apresentar qualquer sinal ou sintoma da doença ou em caso de exposição a alguma situação de transmissão das hepatites virais” (A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde, 2009).

CURIOSIDADES ....

Voce sabia que?
“O Brasil, reconhecendo a magnitude das hepatites virais no país e no mundo, apresentou
à Organização Mundial da Saúde (OMS), durante a 63ª Assembléia Mundial da Saúde
realizada em 2010, uma proposta de reconhecimento do impacto desses agravos. Foi
aprovada, portanto, uma resolução que estabeleceu o dia 28 de julho como o Dia Mundial
de Luta contra as Hepatites Virais” ( boletim epidemiológico, 2010).

Esta com dúvida sobre outras vacinas ?
acesse o calendário de vacinas por faxia etária 
https://web.sanofi-aventis.com.br/VacinasPasteur/site/calendarios-de-vacinas/

LINKS:

( matéria com informações complementares e adicionais sobre a função do fígado)

Mais folhetos do Ministério da Saúde :




Referências *Com comentários*

·        Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. A B C D E das hepatites virais para agentes comunitários de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em  Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. − Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 60 p. : il. − (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). (este documento é uma cartilha resumida, destinada à agentes comunitárias, de fácil leitura, e com informações muito claras e é um dos documentos mais recentes.)


·        Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST,
 Aids e Hepatites Virais. ABCDE do diagnóstico para as hepatites virais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 24 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) ( este arquivo é destinado a profissionais que trabalharão com identificação dos marcadores sorológicos das hepatites, porém, por ser curto, traz um resumo claro de cada hepatite, com base nas outras publicações do ministério).

·        Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico – Hepatites Virais -  ano 1 – n.01, 2010 acesso em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/boletim_hepatites_final.pdf ( este site contém diversos dados estatísticos do Brasil sobre a distribuição dessa doença em homens, mulheres, casais, etc. )

·      Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de aconselhamento em hepatites virais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005. 52 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). ( Este arquivo é mais completo e traz um conteúdo complementar interessante voltado para o aconselhamento na área).





[1] “As hepatites virais são causadas por vírus hepatotrópicos designados por letras do alfabeto (vírus A, vírus B, vírus C, vírus D  e vírus E). “ (A, B, C, D, E do diagnóstico para as hepatites virais, 2009).

[2] Também relacionada com alguns hábitos sexuais como “ a prática sexual oral-anal (anilingus), por meio do contato da mucosa da boca  de uma pessoa com o ânus de outra portadora da infecção aguda da hepatite A. A prática dígito-anal-oral pode ser uma via de transmissão” porém 

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