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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Anemia Falciforme na gravidez



A anemia falciforme é uma doença, mas que não traz grandes limitações à pessoa, sobretudo à gestante. Com os cuidados, precauções e atenção necessários, é possível dispor de uma vida saudável, livre e tranquila como qualquer outra pessoa. Saiba como, com a matéria abaixo:

1. Introdução




A anemia falciforme é a doença hereditária mais comum no Brasil. Ela se caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos, células presentes no nosso sangue, que perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.

As hemácias falciformes contêm um tipo de hemoglobina (pigmento), a hemoglobina S, que se cristaliza na falta de oxigênio, formando trombos que bloqueiam o fluxo de sangue, porque não têm a maleabilidade da hemácia normal.  O afoiçamento das hemácias causa, ainda, a destruição precoce das mesmas.
A doença originou-se na África e foi trazida às Américas pela imigração forçada dos escravos, hoje é encontrada em toda a Europa e grandes regiões da Ásia. É predominante entre negros, pardos e afrodescendentes em geral. A doença falciforme (incluindo a anemia falciforme) faz parte de um conjunto de doenças denominadas hemoglobinopatias.

2. Anemia Falciforme na gravidez

A presença de hemoglobinopatia não dificulta a concepção. Porém na gravidez, segundo o Manual do Paciente, é considerada de alto risco para quem sofre deste mal. Existem possibilidades de o bebê nascer sem a hemoglobina SS (dependendo da constituição do futuro pai).
O aumento nas manifestações clínicas é provavelmente o resultado das demandas metabólicas aumentadas, dos estados de hipercoagulobilidade e do aumento da estase venosa, comum em todas as grávidas.

As crises vaso-oclusivas são mais comuns na última metade da gestação, quando a estase é mais freqüente e o consumo de oxigênio está aumentado. Além disso, a gestação causa  alterações, induzidas pela progesterona, no sistema gastrointestinal.




3. Complicações Clínicas

Durante a gravidez, as crises dolorosas podem se tornar mais frequentes e a gestação aumenta a anemia (devido às perdas de sangue), as crises hemolíticas, os episódios vaso-oclusivos, as complicações pulmonares, depressão da medula óssea, crises aplásticas, infecção ou inflamação (que ocorrem em aproximadamente 50% das grávidas), além de deficiência de folatos ou ferro.
Os locais mais acometidos são o trato urinário e o sistema respiratório. A incidência de prematuridade e baixo peso entre recém-nascidos de mães com bacteriúria não tratada é maior. Esta e outras intercorrências infecciosas devem ser identificadas. O exame físico cuidadoso durante o pré-natal, para documentar o tamanho do baço, é importante auxílio no diagnóstico desta complicação.


4. Acompanhamento pré-natal

O pré-natal de pacientes com anemia falciforme deve ser feito de modo mais apurado e com acompanhamento de um hematologista (profissional que estuda o sangue e as doenças que o afetam). A anamnese inclui atenção especial às crises antes, durante e após gestações pregressas, a fim de se observar o curso da anemia antes desta gestação e, principalmente, o comportamento observado em gestação anterior.
As visitas deverão ser mensais até 28 semanas e progressivamente diminuídas até intervalos de 1 semana. O ultra-som deverá ser mensal após 24 semanas de gestação com o objetivo de acompanhamento do crescimento fetal e do volume de líquido amniótico, visto que o retardo do crescimento intra-uterino é muito freqüente. As pacientes devem receber suplemento de ácido fólico diariamente.
A transfusão sangüínea profilática é controversa até a atualidade. Tem sido comprovado que as transfusões diminuem as crises vaso-oclusivas, as dores, a febre e suprime a eritropoiese, porém não melhoram os índices de sobrevivência materna e fetal.



5. Acompanhamento durante o parto



O tipo de parto é determinado pelas indicações obstétricas usuais e os cuidados durante o trabalho de parto são semelhantes aos de uma gestante com cardiopatia. Em geral, o parto pode ser realizado por via vaginal, com a operação cesareana sendo reservada para os casos em que haja indicação obstétrica.

6. Acompanhamento pós-parto

As complicações agudas como infecção e tromboembolismo são freqüentes e devem ser evitadas com hidratação e suporte calórico adequado.


 7. Prognóstico

A idade média de vida das mulheres com anemia falciforme é de 48 anos. As gestantes com anemia falciforme estão sob maior risco de desenvolver parto prematuro, sendo que 30% a 50% evoluem para o parto antes de completar 36 semanas de gestação e cerca de 1/3 das gestações terminam em abortamento, parto prematuro ou morte neonatal.  A mortalidade materna varia de 1 a 6% na literatura.
Na homozigotia se observa uma mortalidade fetal e materna maiores. Antes de 1970 a perda, nestes casos, era de 80%, mas na década atual com o acompanhamento pré-natal precoce, orientação e intervenção apropriadas estas taxas diminuíram acentuadamente.

8. Tratamento nutricional

1. Evitar a utilização de suplementos de ferro e fórmulas enriquecidas com ferro, pois este tipo de anemia necessita da suplementação de ácido fólico.



2. Consumir alimentos com alto teor de ácido fólico, zinco e cobre, como: vegetais verdes escuros, folhosos (de preferência crus), iogurte, leite, peixes, passas, abacaxi, alimentos integrais, como pão e cereais (farelo de trigo, aveia, arroz), frutas oleaginosas (abacate, nozes, castanhas, amêndoas), bananas, batata doce, fígado, carnes magras, feijões, ovo.

3. Evitar a ingestão de alimentos com alto teor de vitamina C durante as principais refeições (almoço e jantar) como: laranja, goiaba, caju, acerola, limão, umbu, maracujá, tangerina, etc. Utilizar no café da manhã ou lanches.


4. Ingerir bastante líquido, de 8 a 10 copos por dia, para evitar a desidratação.


5. Utilizar sempre verduras, legumes e frutas na alimentação diária.


9. Recomendações

  • Exija que o teste do pezinho seja feito em seu filho/a logo depois do nascimento. Esse teste pode identificar a presença de anemia falciforme, do traço falciforme (quando a pessoa não tem a doença mas recebeu de um dos pais a hemoglobina S, e se ela se unir a alguém que também tenha hemoglobina S, tem chances do filho nascer com anemia falciforme) e detectar também se o bebê tem hipotireoidismo congênito e da fanilcetonúria. Caso for constatado que o bebê é portador de anemia falciforme, encaminhe-o logo para um médico especialista.



  • Crianças e adultos que não fizeram o teste do pezinho devem fazer teste de triagem, afoiçamento ou prova de falcização. Em caso positivo, a doença será confirmada por eletroferese de hemoglobina.


  •  Procure imediatamente assistência se a pessoa com anemia falciforme tiver uma crise de dor. Embora às vezes ela possa ser tratada em casa com analgésicos, repouso e ingestão de muito líquido, só o médico poderá avaliar a necessidade de internação hospitalar; 
  • A febre é um sinal de alerta e não deve ser feito o uso de medicamentos sem orientação médica que  acompanha o caso;
  •  Leve imediatamente para o hospital mais próximo, a criança com anemia falciforme que ficou pálida de repente;
  •   Lembre-se de que alterações oculares podem ocorrer nesses pacientes. Por isso, eles devem ser avaliados periodicamente por um oftalmologista.
  • As pessoas com diagnóstico de anemia falciforme devem ser inscritas em um Programa de Atenção Integral. Elas serão atendidas e acompanhadas por uma equipe especializada. O programa inclui diagnóstico neonatal, consulta clínica, vacinação, tratamento e acompanhamento multidisciplinar. (Dados segundo Ministério da Saúde)









Para mais informações, acesse o Manual Da Anemia Falciforme Para a População – Ministério da Saúde:

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