A anemia falciforme é uma doença, mas que não traz grandes limitações à
pessoa, sobretudo à gestante. Com os cuidados, precauções e atenção
necessários, é possível dispor de uma vida saudável, livre e tranquila como qualquer
outra pessoa. Saiba como, com a matéria abaixo:
1.
Introdução
A anemia falciforme é a
doença hereditária mais comum no Brasil. Ela se
caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos, células presentes no
nosso sangue, que perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o aspecto de
uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, o que dificulta a passagem do
sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.
As hemácias falciformes contêm um tipo de
hemoglobina (pigmento), a hemoglobina S, que se cristaliza na falta de
oxigênio, formando trombos que bloqueiam o fluxo de sangue, porque não têm a
maleabilidade da hemácia normal. O afoiçamento das
hemácias causa, ainda, a destruição precoce das mesmas.
A doença originou-se na
África e foi trazida às Américas pela imigração forçada dos escravos,
hoje é encontrada em toda a Europa e grandes regiões da Ásia. É predominante
entre negros, pardos e afrodescendentes em geral. A doença falciforme
(incluindo a anemia falciforme) faz parte de um conjunto de doenças denominadas
hemoglobinopatias.
2. Anemia
Falciforme na gravidez
A presença
de hemoglobinopatia não dificulta a concepção. Porém na gravidez,
segundo o Manual do Paciente, é considerada de alto risco para quem sofre deste
mal. Existem possibilidades de o bebê nascer sem a hemoglobina SS (dependendo
da constituição do futuro pai).
O aumento
nas manifestações clínicas é provavelmente o resultado das demandas metabólicas
aumentadas, dos estados de hipercoagulobilidade e do aumento da estase venosa,
comum em todas as grávidas.
As crises vaso-oclusivas são mais
comuns na última metade da gestação, quando a estase é mais freqüente e o
consumo de oxigênio está aumentado. Além disso, a gestação causa alterações, induzidas pela progesterona, no
sistema gastrointestinal.
3.
Complicações Clínicas
Durante
a gravidez, as crises dolorosas podem se tornar mais frequentes e a gestação aumenta a anemia
(devido às perdas de sangue), as crises hemolíticas, os
episódios vaso-oclusivos, as complicações pulmonares, depressão da medula óssea, crises aplásticas, infecção ou
inflamação (que ocorrem em aproximadamente 50% das grávidas), além de
deficiência de folatos ou ferro.
Os locais mais acometidos são o trato urinário e o sistema
respiratório. A incidência de prematuridade e baixo peso entre recém-nascidos
de mães com bacteriúria não tratada é maior. Esta e outras intercorrências
infecciosas devem ser identificadas. O exame físico cuidadoso durante o
pré-natal, para documentar o tamanho do baço, é importante auxílio no
diagnóstico desta complicação.
4. Acompanhamento
pré-natal
O pré-natal de pacientes com
anemia falciforme deve ser feito de modo mais apurado e com acompanhamento de
um hematologista (profissional que estuda o sangue e as doenças que o afetam). A anamnese inclui atenção especial às crises antes, durante e após
gestações pregressas, a fim de se observar o curso da anemia antes desta
gestação e, principalmente, o comportamento observado em gestação anterior.
As visitas
deverão ser mensais até 28 semanas e progressivamente diminuídas até intervalos
de 1 semana. O ultra-som deverá ser mensal após 24 semanas de gestação com o
objetivo de acompanhamento do crescimento fetal e do volume de líquido
amniótico, visto que o retardo do crescimento intra-uterino é muito freqüente.
As pacientes devem receber suplemento de ácido fólico diariamente.
A transfusão
sangüínea profilática é controversa até a atualidade. Tem sido comprovado que
as transfusões diminuem as crises vaso-oclusivas, as dores, a febre e suprime a
eritropoiese, porém não melhoram os índices de sobrevivência materna e fetal.
5. Acompanhamento durante o parto
O tipo de parto é determinado pelas indicações obstétricas usuais e os cuidados durante o trabalho de parto são semelhantes aos de uma gestante com cardiopatia. Em geral, o parto pode ser realizado por via vaginal, com a operação cesareana sendo reservada para os casos em que haja indicação obstétrica.
6. Acompanhamento pós-parto
As
complicações agudas como infecção e tromboembolismo são freqüentes e devem ser
evitadas com hidratação e suporte calórico adequado.
7.
Prognóstico
A idade
média de vida das mulheres com anemia falciforme é de 48 anos. As gestantes com
anemia falciforme estão sob maior risco de desenvolver parto prematuro, sendo
que 30% a 50% evoluem para o parto antes de completar 36 semanas de gestação e
cerca de 1/3 das gestações terminam em abortamento, parto prematuro ou morte
neonatal. A mortalidade materna varia de
1 a 6% na literatura.
Na
homozigotia se observa uma mortalidade fetal e materna maiores. Antes de 1970 a
perda, nestes casos, era de 80%, mas na década atual com o acompanhamento
pré-natal precoce, orientação e intervenção apropriadas estas taxas diminuíram
acentuadamente.
8.
Tratamento nutricional
1. Evitar
a utilização de suplementos de ferro e fórmulas enriquecidas com
ferro, pois este tipo de anemia necessita da suplementação de ácido fólico.
2.
Consumir alimentos com alto teor de ácido fólico, zinco e cobre, como: vegetais verdes
escuros, folhosos (de preferência crus), iogurte, leite, peixes, passas, abacaxi, alimentos integrais, como pão e cereais (farelo de trigo,
aveia, arroz), frutas oleaginosas (abacate,
nozes, castanhas, amêndoas), bananas, batata doce,
fígado, carnes magras, feijões, ovo.
3. Evitar a ingestão
de alimentos com alto teor de vitamina C durante as principais refeições
(almoço e jantar) como: laranja, goiaba, caju, acerola, limão, umbu, maracujá,
tangerina, etc. Utilizar no café da manhã ou lanches.
4. Ingerir bastante
líquido, de 8 a 10 copos por dia, para evitar a desidratação.
5. Utilizar sempre
verduras, legumes e frutas na alimentação diária.
9.
Recomendações
- Exija que o teste do pezinho seja feito em seu filho/a logo depois do nascimento. Esse teste pode identificar a presença de anemia falciforme, do traço falciforme (quando a pessoa não tem a doença mas recebeu de um dos pais a hemoglobina S, e se ela se unir a alguém que também tenha hemoglobina S, tem chances do filho nascer com anemia falciforme) e detectar também se o bebê tem hipotireoidismo congênito e da fanilcetonúria. Caso for constatado que o bebê é portador de anemia falciforme, encaminhe-o logo para um médico especialista.
- Crianças e adultos que não fizeram o teste do pezinho devem fazer teste de triagem, afoiçamento ou prova de falcização. Em caso positivo, a doença será confirmada por eletroferese de hemoglobina.
- Procure imediatamente assistência se a pessoa com anemia falciforme tiver uma crise de dor. Embora às vezes ela possa ser tratada em casa com analgésicos, repouso e ingestão de muito líquido, só o médico poderá avaliar a necessidade de internação hospitalar;
- A febre é um sinal de alerta e não deve ser feito o uso de medicamentos sem orientação médica que acompanha o caso;
- Leve imediatamente para o hospital mais próximo, a criança com anemia falciforme que ficou pálida de repente;
- Lembre-se de que alterações oculares podem ocorrer nesses pacientes. Por isso, eles devem ser avaliados periodicamente por um oftalmologista.
- As pessoas com diagnóstico de anemia falciforme devem ser inscritas em um Programa de Atenção Integral. Elas serão atendidas e acompanhadas por uma equipe especializada. O programa inclui diagnóstico neonatal, consulta clínica, vacinação, tratamento e acompanhamento multidisciplinar. (Dados segundo Ministério da Saúde)
Para mais informações, acesse o Manual Da Anemia Falciforme Para a
População – Ministério da Saúde:
Bem claro o texto. Informativo. Parabéns!
ResponderExcluirmuito bom!! bem informativo. Parabéns!!
ResponderExcluirmuito bom!! bem informativo. Parabéns!!
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