Pré-eclâmpsia e
Eclâmpsia: identificando a doença.
Sabemos de acordo com a
literatura atual, a hipertensão na gravidez é a principal causa de morte materna
no Brasil e em outros países da América Latina. Por este motivo o objetivo desta
postagem é desmistificar a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia e quais são os fatores
de risco para as mesmas.
- Hipertensão gestacional:
É
caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea.
A
hipertensão é definida por pressão mínima maior ou igual a 90 mmHg e a pressão
máxima maior ou igual a 140 mmHg.
É
fundamental ressaltar a importância de diferenciar a hipertensão que antecede a
gravidez (hipertensão crônica) aquela que a mulher já possui da decorrente da
gestação a qual estamos nos referindo neste trabalho. A hipertensão
gestacional, como o próprio nome diz refere-se à hipertensão apresentada no
período da gestação.
- Pré-eclâmpsia:
Também
conhecida como hipertensão arterial específica da gravidez que geralmente
ocorre a partir da 20ª semama de
gestação com ênfase no 3° trimestre.
É considerada uma síndrome multissistêmica que segundo
alguns estudos é dividida em:
- Forma leve: quando a pressão arterial é igual ou maior
que 14 por 9, com presença da proteinúria menor que 2g por dia.
* Proteinúria: presença de proteína na urina que não
ocorre em condição normal de saúde.
- Forma grave: pressão arterial igual ou superior a 16
por 11, com a proteinúria a cima de 2g por dia. Todavia a pré-eclâmpsia grave
apresenta outros agravos como: distúrbios visuais e/ou cerebrais, edema generalizado
e/ou pulmonar, disfunção hepática e dor epigástrica.
* Edema: o inchaço generalizado é normal da gravidez, mas
no caso desta doença especialmente apresenta-se nas pernas, mãos e rosto e podem
evidenciar um aumento repentino de peso de até 500g por semana.
* Disfunção hepática: funcionamento inadequado dos rins,
pois a filtração do sangue é prejudicada juntamente com a formação da urina.
* Dor epigástrica: dor na parte superior do abdome.
Formas de identificar:
- Síndrome materna: hipertensão, proteinúria, edema e
outros agravos.
- Síndrome fetal: crescimento intra uterino retardado,
hipóxia fetal e oligoidramnia.
* Hipóxia fetal: ocorre quando a placenta não fornece quantidade
adequada de oxigênio para o feto.
* Oligoidraminia: diminuição do volume do líquido
amniótico para a idade gestacional.
Características da pré-eclâmpsia:
Ainda existem divergências quanto aos fatores que desencadeiam
a doença. Uma das hipóteses mais aceitas é a de má placentação que ocorre com
um “defeito” no momento da implantação do embrião no endométrio.
De modo geral, o que propicia o desenvolvimento da doença
é a falta de vascularização da placenta, devido a um problema no desenvolvimento
dos vasos da mesma. A circulação inadequada de sangue faz com que a placenta
produza substâncias que vão para a corrente sanguínea, o que descontrola a
pressão arterial (hipertensão).
De que maneira isso ocorre? Além de alterar a filtração glomerular que
causa a perda de proteínas pela urina (proteinúria), a baixa concentração de
proteínas no sangue influencia uma parte do líquido circulante que extravasa
para os tecidos (edemas), o que diminui a concentração de sódio na urina e
aumenta no sangue fazendo com que a pressão arterial aumente.
- Eclâmpsia:
Possui um quadro de convulsão, espasmos musculares e
perda de consciência. É considerada para alguns estudiosos, como complicação característica
da pré-eclâmpsia. Entretanto de acordo com estudos recentes de 10 a 22% das
convulsões ocorrem sem a presença da pré-eclâmpsia.
É responsável de 60 a 100% das mortes maternas
relacionadas à hipertensão.
Características da eclâmpsia:
A causa exata das convulsões ainda não é muito bem
conhecida. Entretanto existem algumas teorias como um vasoespamo cerebral,
a encefalopatia hipertensiva com hiperperfusão e uma lesão endotelial. Lembrando
que em uma gestante hipertensa, a ocorrência de crise convulsiva deve sempre
ter como diagnóstico inicial a eclâmpsia.
- Fatores de risco:
- gravidez na adolescência
- gravidez múltipla
- mulheres hipertensas
- diabetes mellitus
- obesidade
- doença renal crônica
- Tratamento:
A indicação de interromper a gravidez depende muito do
profissional, da idade gestacional, e das condições mãe-bebê. Todavia muitas
vezes o único “tratamento” é a interrupção da gestação.
Em alguns casos utiliza-se de medicamentos ou é
aconselhado o repouso da mãe na tentativa de prolongar mais a gravidez para o
nascimento ser mais favorável para o desenvolvimento do bebê.
A
eclâmpsia pode ser evitada com uma assistência adequada, pois é uma doença
predominante de países em desenvolvimento e que em alguns casos tem a
característica de evolução de um quadro de pré-eclâmpsia. Fato este que merece
associação entre a qualidade materna e o acesso a saúde de qualidade.
- Considerações importantes:
- A pré-eclâmpsia é responsável por grande parte das recomendações de interrupção
prematura da gestação.
- As
gestantes precisam de um acompanhamento adequado o que já é uma prática padrão
no pré-natal, com consultas regulares aos profissionais de saúde e procurando
sempre controlar a pressão arterial e a análise da proteinúria.
- Todos
os sintomas citados são analisados para fim de diagnosticar a doença o que deve
ser feito por uma equipe capacitada, podendo contar com o auxílio de exames
laboratoriais.
- Devemos
atentar ao fato de que por mais que a hipertensão arterial na gravidez apresente
sintomas, a doença pode ser assintomática, o que justifica a necessidade de um
acompanhamento adequado da gestante hipertensa, ou mesmo daquela que não
apresenta indícios da doença, mas que precisa ficar atenta ao controle da
pressão arterial.
- A
mortalidade materna é um importante indicador de realidade social de um país ou
de uma população.
Bibliografia:
- Medmap.uff.br
- José Carlos Peraçoli, Mary Angela Parpinelli - Síndromes hipertensivas da gestação: identificação de casos graves
- Brena Cravalho Pinto de Melo et al. - Perfil epidemiológico e evolução clínica pós-parto na pré-eclâmpsia grave.
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